segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

DESAFIO: Comer, Beber e Pedalar em Mendoza!

Comer, Beber e Pedalar em Mendoza! Essa foi nossa linda viagem para comemorar 3 anos de casados! Romântica, gastronômica e esportiva! Totalmente a nossa "cara"!

A ideia de pedalar em Mendoza surgiu de um anúncio de jornal em um suplemento de viagem, oferecendo pacotes com esta proposta. Mas eram muito caros e, obviamente, muito "engessados"! O Alê adorou a ideia, mas nada de guias, nada de carro de apoio, nada de roteiros padronizados e vinícolas do circuito turístico! Nós iríamos fazer o passeio por nossa conta, inclusive levando nossas próprias bicicletas. Logo, entramos na internet e reservamos as passagens, US$ 250,00 por passageiro, ida e volta, uma pechincha!

Foram muitas horas de planejamento, pesquisa, ligações telefônicas (via Skype, é claro... rs). Navegamos no Google Maps por horas para simular os roteiros de cada dia do passeio. Pesquisamos as vinícolas que queríamos conhecer, os pontos turísticos e, obviamente, os restaurantes! Enviamos emails solicitando informações, confirmando reservas! Estudamos detalhadamente como embalar, desmontar e transportar as bicicletas, o ponto mais "crítico" da nossa viagem! O planejamento foi detalhado e, certamente, garantiu o sucesso do nosso passeio!

Alguns números da nossa viagem: 6 dias, 5 vinícolas visitadas (Lagarde, Alta Vista, O. Fournier, Mendel, Septima), hospedagem em dois hotéis (Diplomatic e El Aguamiel), 10 restaurantes conhecidos, 41 vinhos provados, analisados e anotados no nosso livrinho (aguardem post sobre isso!), 80 km pedalados, 1200 km percorridos de carro (até a fronteira com o Chile, para conhecer a Alta Montanha), 15 garrafas de vinho na bagagem e módicos US$ 360,00 pagos em excesso de bagagem (graças às bicicletas e às 15 garrafas de vinho!)

Foram muitas experiências enogastronômicas interessantes, visitas a lugares e paisagens deslumbrantes e pedaladas deliciosas!

O primeiro almoço da viagem foi no Siga La Vaca, ainda em Buenos Aires, enquanto aguardávamos o vôo para Mendoza. O restaurante é uma churrascaria, bem simples e com preço acessível (95 pesos por pessoa, com vinho e sobremesa inclusos), mas que nos surpreendeu em alguns aspectos: o vinho, um Malbec de Mendoza ("Pont Leveque"), a carne (destaque para o Lomo, que não parecia filet mignon e sim uma picanha) e as sobremesas típicas, muito boas: um Almendrado (sorvete de creme com amêndoas) para o Alê, e Fatias de Maçãs Caramelizadas com Sorvete de Creme.


Chegamos em Mendoza à noite e, após o check in no Hotel Diplomatic (lindo, chique e com atendimento primoroso, membro merecido do Luxury Hotels), saímos a pé até El 23 Gran Bar. Este pequeno e charmoso restaurante localizado no pátio de um prédio antigo, conjugado à famosa loja de vinhos Winery, poussui um cardápio "meio bar, meio restaurante", com petiscos, saladas, sanduíches e massas. A carta de vinhos era extensa mas nos chamou a atenção a opção da degustação de 5 tipos de vinhos de Mendoza, harmonizados com pastinhas e torradas. Era uma sequência com vinhos Torrontés (com pasta de pimentão), Chardonnay (com pasta de rúcula e amêndoas), Tempranillo (com pasta de berinjela), Carbernet Sauvignon (com pasta de azeitonas gregas) e Malbec (com pasta de tomates secos ao sol). Foi muito divertido e esclarecedor poder comparar os cores, odores e sabores dos vinhos simultaneamente!


E para completar o jantar, pedimos uma deliciosa Salada Rústica de Legumes Grelhados e um toque de limão siciliano! Perfeito! Começamos nossa viagem com o pé direito!

O dia seguinte foi muito intenso: começamos pedalando quase 20 km até a Bodega Lagarde, onde fomos muito bem recebidos, conhecemos toda a vinícola em um tour privativo com uma guia brasileira, provamos os seus principais vinhos e terminamos com um almoço espetacular harmonizado com os vinhos! Duas entradas (Mini empanadas de carne e Salada de legumes grelhados), Prato principal (Medalhão de Filet Mignon com Vagens grelhadas e Batata Assada) e, como sobremesa, Uma mousse de arroz doce! Estava tudo perfeito, principalmente o Filet Mignon, macio, ao ponto para mal passado, saborosíssimo (que eu provei só um pedacinho, deixando o restante para o "coitado" do Alê... rs).


A parte mais difícil do passeio a Lagarde foi sair de lá pedalando! Que vontade de fazer a "siesta", depois de tanta comida e de tanto vinho!! rs

Mas tínhamos um outro compromisso já agendado na Bodega Alta Vista. E assim, subimos em nossas super bikes e lá fomos nós! Na Alta Vista, conhecemos a vinícola e degustamos 3 de seus vinhos em um lindo jardim cercado de oliveiras e canteiros de lavanda, com a Cordilheira dos Andes ao fundo... Espetacular!


Neste mesmo dia, tínhamos reserva no restaurante mais renomado de Mendoza, o 1884, de Francis Mallman! Esta reserva foi feita com muita antecedência pois este era o dia do nosso aniversário de casamento! Três anos de lua-de-mel com meu amor!!

O lugar é lindo, em um prédio antiquíssimo, com um jardim charmoso e um salão com decoração requintada com seus quadros imensos e paredes vermelhas. Logo na entrada, uma mesa com os pães produzidos na casa! Infelizmente não estávamos com muita fome e sem vontade nenhuma de tomar vinho... (porque será??? rs). O Alê pediu uma massa recheada com abóbora com molho de manteiga (divina) e eu pedi Canelloni de Berinjela e Queijo de Cabra gratinados (gostoso, mas com aparência de prato de cantina italiana, um pouco grosseiro para o requinte do Francis Mallman). Como sobremesa, Frutas Grelhadas (maçãs, peras, kiwi, abacaxi e grapefruit) com Sorvete: simples, rústico e saboroso!


Nosso terceiro dia de viagem foi destinado a um City Tour de Bike por Mendoza. Fomos conhecer o desbundante Parque San Martin, subimos pedalando até o Cerro de La Gloria, monumento histórico todo em bronze e voltamos para a cidade para saborear as famosas e deliciosas empanadas argentinas, em um dos restaurantes mais tradicionais da cidade, o Estância Florência. Para acompanhar, uma salada completa (com Paltas y Palma, ou seja, abacate e palmito! rs) e as nossas bikes como convidadas!


A sobremesa do almoço das empanadas foi no Café Havanna: tomamos Frapé de Café (mais ou menos, o Frappucchino do Starbucks é bem melhor... rs), Smoothie de Frutas Vermelhas (bem gostoso) e uma enorme Torta de Alfajor, que acabou decepcionando, pois estava muito "massuda" e seca, ficando bem aquém do saboroso e tradicional alfajor.


A noite, outra reserva já feita com antecedência, para conhecer o indicado Restaurante Azafrán, a 50 metros do nosso hotel! Mas, assim como aconteceu no dia do Francis Mallman, fome não era exatamente o nosso problema naquela noite!! rs

E lá fomos nós. O Azafrán parece um armazém antigo, inclusive com a venda de conservas, azeites, compotas, geléias. O cardápio era bem interessante, com pratos com tendência contemporânea. Como entrada "cortesia", chegaram duas torradinhas com paté de pato, deliciosas (eu comi as duas, o Alê declinou... rs). Como prato principal, pedimos uma carne (Medalhão) e uma Truta Salmonada com frutos do mar e Risotto em Tinta de lula, muito saboroso e diferente. A sobremesa, leve e fresca, levava frutas com sorvete de gengibre, servida em um copo transparente. Foi um jantar delicioso e as indicações que recebemos do Azafran fizeram jus à qualidade do restaurante. Só deixou a desejar o atendimento... A garçonete era meio "grossa", impaciente e tirou uma foto nossa com muita má vontade, toda torta! rs


No dia seguinte, nos despedimos do nosso hotel no Centro, pegamos um carro alugado, colocamos toda a nossa bagagem dentro de um corsa (inclusive as duas bicicletas!) e rumamos para o passeio de maior expectativa da viagem: a Visita a Bodega O. Fournier, produtora dos vinhos Alfa Crux. Este vinho faz parte da nossa história romântica: quando o Alê foi conhecer meus pais, os convidou para jantar no Pobre Juan e, sem olhar para a carta de vinhos, virou para o maitre e pediu uma garrafa de Alfa Crux, um vinho argentino muito recomendado. Foi um sucesso! O vinho era delicioso e conquistou meu pai (o Alê também! rs). Tanto que o Alê pediu outra garrafa (e eu só pensando... será que o vinho é caro??)... Quando veio a conta, o Alê, elegantemente tomou a dianteira e estendeu o cartão de crédito! Que cavalheiro! Nem esboçou o susto que levou ao ver o valor da conta! Dois Alfa Crux em um mesmo jantar! rs

Conhecer a O. Fournier era, portanto, o ponto alto da nossa viagem! Mas nada de bicicleta neste passeio, pois a O. Fournier está bem distante do centro de Mendoza, a 100km. Por isso, alugamos o carro e lá fomos nós.

A Bodega é tão espetacular e monumental que merece um post exclusivo para se falar dela. Degustamos toda a linha Alfa Crux, Beta Crux e Urban, mantendo nossa percepção de que esta é uma das melhores produtoras de vinho da Argentina.


Nossa visita à O. Fournier foi deliciosa. Além de conhecer toda a bodega e degustar vários de seus melhores vinhos (menos o "ícone" deles, o vinho O. Fournier, que não pode ser degustado), tivemos uma experiência enogastronômica fenomenal no restaurante Urban, comandado pela esposa do proprietário da bodega, já considerado um dos melhores da Argentina. E não decepcionou, foi a melhor sequencia de pratos harmonizados que provamos em Mendoza! Um show! E tudo isso com uma vista deslumbrante para a Cordilheira dos Andes! Como entrada, um Creme de Parmesão com Cebola Caramelizada (o melhor creme que já comi na vida), uma Berinjela entremeada por um creme de Gaspacho, Mini Kaftas com Coalhada, Ravioli fritos recheados com ovos moles e acelga tostada, Lomo com batatas e, para finalizar, Sopa de Frutas com Sorvete... E tudo harmonizado com os vinhos da linha Urban, a mais básica da vinícola, com excelente custo benefício (cerca de 30 pesos a garrafa).


Depois de um pequeno contratempo (a bateria do nosso carro arriou...), voltamos para Mendoza e para o nosso novo Hotel, El Aguamiel, localizado em uma pequena vinícola orgânica há 15 km do centro. A estrada nos assustou um pouco, parecia que não estávamos no caminho certo mas, finalmente, chegamos no pequeno hotel, rodeado de parreiras, touceiras de lavanda e... cerejeiras!! Que surpresa incrível!! Na porta do nosso chalé, dezenas de cerejeiras carregadas e um lindo prato de cerejas nos esperando no quarto! Fiz até uma foto com as cerejas frescas no mesmo estilo do logo dos Desafios!


A programação do dia seguinte era de pura aventura! Rumamos (de carro) para a Alta Montanha (como é chamada a Cordilheira dos Andes), pela rota 07, que atravessa as montanhas rumo à divisa com o Chile. Passamos pela fronteira e encontramos uma estrada de terra que levava ao Cristo Redentor, no Alto da Montanha. Depois de uma hora de terra, pedras, curvas muito fechadas e neve eterna, chegamos ao topo! Que frio e que vento!! Era quase impossível ficar do lado de fora do carro! Ainda bem que eu estava com uma capa "corta vento" com capuz!


Meu marido aventureiro, que havia levado a bicicleta no porta malas do nosso Corsinha, decidiu descer a montanha de bike! E eu, no carro de apoio, morrendo de medo de furar o pneu naquela estrada perdida no meio da cordilheira... Na descida, cruzamos com um grupo de ciclistas que, heroicamente, tentavam chegar ao cume! Em uma troca de gentilezas comum aos praticantes de esporte de aventura, o ciclista chileno ajudou o Alê a encher o pneu e, em retribuição, o Alê cedeu seu corta-vento, pois o frio estava aumentando e só iria piorar quando mais subissem rumo ao Cristo.


A parada seguinte foi o famosíssimo Parque Nacional do Aconcágua, de onde se pode avisar o pico mais alto da América do Sul:


Nossa última parada antes de voltar foi a atração turística "Puente de Los Incas", uma formação natural impressionante a partir das águas quentes vulcânicas e rochas calcárias! Para sua preservação, a Puente está fechada para passagem e o Hotel construído para aproveitar suas águas termais e medicinais foi fechado há alguns anos, e só restam as ruínas.



Depois de um dia sem grandes comilanças e degustações (só tomamos um vinho no jantar! rs), o dia seguinte foi dedicado novamente ao culto ao vinho! Visitamos duas bodegas muito interessantes e diferentes! A primeira, Mendel, foi uma visita sugerida pela atendente do Hotel onde estávamos e era praticamente nossa vizinha. E esta foi a grande surpresa da nossa viagem! Pequena e artesanal, apresentou vinhos de qualidade excelente, retirados direto do barril! Com linhas mais simples (Lunta), de nível médio (Mendel e Unus) e o "ícone" Finca Remota, a Mendel é reconhecida em Mendoza por ser conduzida por um dos melhores enólogos da Argentina, Roberto de la Mota. Além dos vinhos produzidos na propriedade, que possui parreiras de Malbec de 1928, há também oliveiras que produzem um azeite extra virgem especialíssimo, Olivar de Lunta, que provamos com pedaços de pão quente...


Próxima parada, depois da visita a Mendel, foi a Bodega Septima, do Grupo Cordoniú, localizada há 14 km do Hotel El Aguamiel pela Ruta 40 e Ruta 07. Bem diferente da Mendel, a Septima é gigantesca e imponente! Percorrem-se centenas de metros pelos vinhedos até chegarmos à sede, toda em pedra, com arquitetura moderna (como curiosidade, tanto a Septima quanto a O. Fournier foram desenhadas pelo mesmo casal de arquitetos da região, especializados em bodegas).

A degustação na Septima foi rápida (sem termos muito tempo para avaliar o vinho...), com um grupo maior de turistas. Esta foi a primeira vez que não tivemos "exclusividade" na degustação e na visita... Provamos os vinhos mais simples da vinícola, e acabamos não conhecendo sua linha superior, o que deixou a sensação desta ter sido a vinícola mais "comercial" que visitamos. A visita foi interessante, principalmente para estabelecermos bem a diferença de uma bodega automatizada das bodegas mais artesanais como a Lagarde ou a Mendel.


Após a visita, fomos para o restaurante María, dentro da própria sede. Super moderno, com uma linda vista para a cordilheira e decorada com galhos secos de parreiras. Exótico e muito apropriado!!


O almoço foi refinado e muito caprichado. Entradinhas de salmão e polvo (que eu me deliciei sozinha...rs), Empanada de Carne Criola, com massa folhada, Salada Verde com trufas de gorgonzola (interessantíssimo), Truta grelhada com legumes e crispis de mandioca (para mim) e Nhoques com molho de cordeiro (para o Alê). Como sobremesa, Bolo de chocolate com sorvete (para o Alê) e Peras ao Vinho Malbec (para mim). Todos harmonizados com vinhos da linha Septimo Dia, uma linha média da bodega, razoável!

Como vocês podem perceber, a viagem foi sensacional e muito bem planejada! E me desculpem a extensão do post... Juro que eu tentei resumir ao máximo as nossas incríveis aventuras!! Toda a parte dos vinhos, que vou deixar para meu marido "expert" escrever, virá em outro (s) post (s)! Aguardem!! E Bon Appetit e Bon Voyage!!